segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Lembrança de domingos

Encaixotava e enlaçava seus abismos e lá ia de presente para o mundo aquela bomba, pronta para explodir. A água que se bebe é sempre a mesma e a ingenuidade é uma criança privada de gente por toda vida. Quando era criança, eu cria que o mundo era um lugar bem longe de mim e criei o gato de botas e um País de maravilhas. Alice foi morar no mundo e eu fui pra São Paulo, ingênua e desacostumada de saudade. Mas se eu não for quem sou, quem é que é? Quem me será que sou? Eu resolvi fazer faxina e achei a caixa de retratos em branco e preto. À rua consertar sapatos saímos eu, a bomba, e sua angústia regressiva de saudade. Achar sapateiros em São Paulo carece sorte, muita agulha e um palheiro... Em Santo Amaro encontrei um com máquina, banco e um periquito a sujar tudo e me pediu para esperar. A sinfonia do lugar lembrou meu vilarejo e assim peguei o amarrado de retratos e vi o filme do Tornatore, outra vez. Cada amigo de infância era um sorriso e a risada escangalhada era a lembrança de alguns tombos
.........................................................


..........................................................................

Por Sueli Maia

Sem comentários: