sábado, 16 de outubro de 2010

Poema de Pablo Neruda

Corpo de Mulher...


Corpo de mulher, brancas colinas, coxas
[brancas,
pareces-te com o mundo na tua atitude de
[entrega.
O meu corpo de lavrador selvagem escava em ti
e faz saltar o filho do mais fundo da terra.
Fui só como um túnel. De mim fugiam os
[pássaros,
e em mim a noite forçava a sua invasão
[poderosa.
Para sobreviver forjei-te como uma arma,
como uma flecha no meu arco, como uma pedra
na minha funda.


Mas desce a hora da vingança, e eu amo-te.
Corpo de pele, de musgo, de leite ávido e firme.
Ah os copos do peito! Ah os olhos de ausência!
Ah as rosas do púbis! Ah a tua voz lenta e
[triste!


Corpo de mulher minha, persistirei na tua graça.
Minha sede, minha ânsia sem limite, meu
[caminho indeciso!
Escuros regos onde a sede eterna continua,
e a fadiga continua, e a dor infinita.


Pablo Neruda, in "Vinte Poemas de Amor e uma Canção Desesperada

2 comentários:

Taddeu Vargas disse...

Belo poema, belo blog! Parabéns Tere! Abraço forte e um belo e feliz final de semana.

TERE disse...

Obrigada Taddeu...abarço retribuido e votos de boa semana.