terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Deu à costa


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Ah, quem sabe, quem sabe,
Se não parti outrora, antes de mim,
Dum cais; se não deixei, navio ao sol,
Oblíquo da madrugada,
Uma outra espécie de porto?
Quem sabe se não deixei, antes de a hora
Do mundo exterior como eu o vejo
Raiar-se para mim,
Um grande cais cheio de pouca gente,
Duma grande cidade meio-desperta,
Duma enorme cidade comercial, crescida, apopléctica,
Tanto quanto isso pode ser fora do Espaço e do Tempo?

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Ode Marítima (poema), de Álvaro de Campos (Heterônimo de Fernando Pessoa)

2 comentários:

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Lindissimo poema, bela escolha.

Beijinhos
Sonhadora

TERE disse...

Obrigada.
Bjs