sexta-feira, 11 de junho de 2010

Despedida

Dirás à minha pobre mãe, coitada!
Que me perdoe não ir, na despedida,
Beijar-lhe a grave fronte tão querida,
Beber-lhe o santo olhar, bênção sagrada,


Porque me traz esta alma tão quebrada
A dor inconsolável da partida
Que, triste como os que se vão da vida,
Nem quero ver-lhe a fronte magoada.


Dirás que levo uma saudade funda
dentro do coração angustiado!


Que a dor é tanta, em suma, tão profunda,
Que me parece, até ter começado
A morrer, neste lúgubre momento
Em que o navio esfralda asas ao vento.
....
Eugénio Tavares
12 de Junho, 1900

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