domingo, 16 de janeiro de 2011

A arte, um cálice e um teorema

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Eu tenho a arte e tenho as botas de Van Gogh

Eu tenho corpo, emoção e pensamento
Eu sou ambígua e posso ser e estar em tudo ou nada
Mesmo que seja em palavra ou intenção
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Pois se me calam engulo ou morro e invento um grito
E se oprimem meu direito eu vejo um cálice
Está sem vinho sem pacto, intacto e em mim, sem sangue
E este cálice eu pinto e bordo em outras cores
...
Se assim inscrevo, escrevo e imprimo um grito mudo
E se há rotas que são vias aos destinos
Há trilhas livres de acesso ao que me falta
E outros caminhos que me levam ao que eu suprimo
...
Se o silêncio imposto cala a minha fala
E na ausência de minha fala eu quase implodo
O meu silêncio no inaudível explodo
Eu tenho a arte e não a faca nem o açoite
...
Mas não se explica se reinvento o óbvio
Quando minha voz se cala por um ato
E se calado o meu pensar não exprimo
Ele se amplia na palavra que escrevo
...
Exprimo em arte o meu grito contido
E há um direito que em silêncio eu revelo
E há silêncios que só eu sei o grito
E vem da ausência do respeito à fala
...
Eu quero a arte e assim expresso tudo
...
Se mimetizo a fala e o silêncio em cores
E porque sou artista, reinvento o óbvio
O que eu escrevo pode ser nada ou tudo aquilo
Porque a linguagem e a arte são apenas rotas
...
E nessa via em que eu sinto e penso
E se pensando encontro outras rotas

Entre o silêncio e o grito tenho a palavra e o signo
Eu vivo em arte eu tenho a luz que não me roubas
...
Eu vejo um cálice e na linguagem a minha força
Ninguém faz arte só por que prefere
E o meu cálice só eu sei quanto me custa
Eu sou artista eu sinto, penso e existo
*
Sueli Maia


*Mai

http://inspirar-poesia.blogspot.com/2009/08/arte-um-calice-e-um-teorema.html

3 comentários:

Unknown disse...

"E nessa via em que eu sinto e penso
E se pensando encontro outras rotas"

Foi pensando, errando por muitas rotas, que eu perdi as rotas botas.
...
Bela homenagem à Mai.
Bem merecida neste momento.

TERE disse...

De Mai um abraço para Joe!!!

...perdidor de botas!...mas já estavam rotas, melhor Joe comprar umas novas do que ficar com as de Van Gogh.

Sueli Maia (Mai) disse...

Mité,


estamos bem, dentro do possível. Apesar do cenário desolador, a cidade, aos poucos vai se reorganizando.

Preciso te agradecer e agradecer sempre.
São tantos os seus gestos de carinho, é tamanhaa sua atenção, que fico sem palavras.

Mas saiba: - guardo tudo em meu coração; e tudo está e estará bem guardado.

"no lado esquerdo do peito".


Receba o meu abraço mais comovido, amiga.


carinho sempre.