quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

De Miguel Torga

Olho a sebe dos versos que plantei
Ao longo do caminho dos meus dias:
Tristezas e alegrias,
Enlaçadas
Como irmãs vegetais.
Silvas e alecrim...
O pior e o melhor que havia em mim
Num abraço de arbustos fraternais.
Nada quero mudar dessa harmonia
De agruras e doçuras misturadas.
Pasmo é de ver a estranha maravilha.
Poeta que partilha
O coração magoado
Por presentes e opostas emoções
Contemplo, deslumbrado,
O arenque de vivências do passado,
Longo poema sem contradições.

 Miguel Torga

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