quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

MOMENTO

Neste silêncio de gaivotas feridas,

penso o teu rosto vestido de amoras,
em Verões escaldantes
da nossa infância acostada
a cais de navios ausentes!
Eram longos os estios,
os pés enterravam – se nas veigas,
brotando uma frescura que acalmava
corpos e ancestrais nogueiras!
À tardinha esgotados,
baloiçávamos na vontade de partir!
O ruído das cigarras cantadeiras
ensurdecia os ouvidos,
os campos em delírio,
ofereciam trigo maduro
molhado em compota de maçã!
Tudo ficava retido
em momentos únicos
de serões prolongados
que eram contados e recontados
por todos nós!
Á noite as camas de ferro,
cobertas com liteiros de trapo,
apagavam os cansaços,
tudo ficava calado,
e por fim calmamente, adormecia!

 MARIA OLINDA

http://pensarxpoesia.blogspot.com/2010/11/barco-negreiro.html

2 comentários:

Sueli Maia (Mai) disse...

Um "corpo coberto de amoras".

Que bela imagem, Mité.
Belo poema da Maria Olinda.



um grande abraço e
obrigada por sua atenção e carinho.

TERE disse...

Nada tem a agradecer.

E o poema de M. Olinda (pseudónimo)...achei-o interessante, de facto.

Bjs