sexta-feira, 18 de março de 2011

Soneto de Petrarca

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Os olhos dos quais falei com tanto ardor

e os braços e as mãos e os pés e o rosto
que tão de mim me tinham afastado
e tornado diferente dos demais;


a anelada coma de puro ouro brilhante
e o rutilar do angélico sorriso
que costumavam fazer na terra um paraíso
são pouco pó que nada sente.


E eu para viver, onde me aflijo e fico agastado,
faço rimas sem a luz que amei tanto,
em grande fortuna e desarmado lenho.


Qualquer que seja o intento de meu amoroso canto:
seca está a veia do usado engenho
e a minha cítara se transforma em pranto
....
Petrarca

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