segunda-feira, 18 de abril de 2011

Poema de Antero de Quental

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Ouve tu, meu cansado coração,

O que te diz a voz da Natureza:
— «Mais te valera, nú e sem defesa,
Ter nascido em aspérrima solidão,

Ter gemido, ainda infante, sobre o chão
Frio e cruel da mais cruel
deveza, Do que embalar-te a Fada da Beleza,
Como embalou, no berço da Ilusão!

Mais valera à tua alma visionária
Silenciosa e triste ter passado
Por entre o mundo hostil e a turba vária,

(Sem ver uma só flor, das mil, que amaste)
Com ódio e raiva e dor... que ter sonhado
Os sonhos ideais que tu sonhaste!» —

Antero de Quental, in "Sonetos

4 comentários:

Anónimo disse...

simplesmente o mesmo deslumbramento de sempre.........

TERE disse...

Obrigada!!!
...Mesmo sendo de anónimo ou anónima.

Anónimo disse...

"obbiamente" que sou anonimo, mas o deslumbramento é de sempre e para continuar, ok?
Ass: anonimo

TERE disse...

Obviamente se assim o diz.