domingo, 3 de julho de 2011

Poema , As Palavras

São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?

Eugénio de Andrade

2 comentários:

AC disse...

As palavras podem ser tanto e não ser nada...

Beijo :)

TERE disse...

Evidente...mas Eugénio de Andrade escrevia-as mostrando os dois lados.

Beijo